
Setembro
2021
Fotografia Anica
Fotografia de Ana Mesquita e Melo, irmã mais nova de Luiza Andaluz. A fotografia, em suporte de papel, está emoldurada com um passpartout de papel decorado com grafite e uma assinatura sumida com a indicação do local (Lisboa).

Ana Mesquita e Melo é a mais nova das quatro filhas do casal Viscondes de Andaluz. Por ter o mesmo nome que a mãe, Ana Langstroth Figueira, Ana era carinhosamente chamada de Anica.
Ana e as suas irmãs tiveram uma educação típica da sua classe social, com professoras particulares, ensino de diferentes línguas, acesso a livros e aulas de música. Luiza refere que a sua irmã sabia tocar o piano, a guitarra e cantar.
Fotografia de Luiza, Eugénia e Ana Mesquita e Melo
(da esquerda para a direita) com trajes de Carnaval (?).

Aos 17 anos, no verão de 1895, Ana e Luiza realizaram a sua apresentação da Corte de Cascais, o que permitiu a sua comparência nos bailes e soirées. A família Mesquita e Melo tinha por costume passar as suas férias de verão em Cascais, à semelhança das outras famílias nobres da época. Luiza recorda profundamente esses tempos e conta-nos que:
Em Cascais os meses de verão eram repletos de variados entretenimentos. De manhã [havia] os banhos de mar que todas tomávamos, mas com fatos convenientes e vestindo por cima capas compridas até entrar na água. […]. De tarde ia-se para o Sporting Club, a Maria Isabel e [a] Anica jogavam ténis, eu só outros jogos mais pacatos, a bola, o croquet, etc. Por vezes íamos para o mar em barcos a remos, à vela ou a gasolina, disto gostava eu imenso. Combinavam-se piqueniques à praia do Guincho ou nos pinhais, umas vezes de carro outras vezes montando burros, guitarradas nas noites de luar nos rochedos da Boca do Inferno, era um nunca acabar de pretextos para divertimentos.
Luiza Andaluz, História da Congregação. Lucerna, 2020.
A vida de Ana Mesquita e Melo teve um desfecho trágico. Aos 23 anos, aceita a proposta de casamento do seu primo, Manoel Braamcamp Sobral. E dias antes do casamento, vai a Lisboa fazer compras para a cerimónia, ao regressar a Santarém começa a sentir-se mal. O diagnóstico foi tuberculose galopante agravada com meningite, tendo sucumbido à doença em meros dias. O funeral aconteceu no dia 19 de setembro de 1902, no dia em que estava marcado o seu casamento.
O abalo que este falecimento causou na nossa casa foi horrível, mais ou menos todos adoecemos, cheguei a ter de me encostar às paredes para andar. Era o primeiro desgosto que sofria e foi muito grande e inesperado, a Anica nessa data era a minha irmã predileta.
Luiza Andaluz, História da Congregação. Lucerna, 2020.
Categoria: Documentos Gráficos
Designação: Fotografia
Data: Último quartel do século XIX – 1902
Dimensões: 73,50 cm x 63 cm x 4,50 cm
Localização: Casa Madre Luiza Andaluz