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Julho

2021

Terrina

Parte inferior de uma terrina cerâmica decorada com o motivo Chorão em tons de azul. Desconhece-se o paradeiro da sua tampa.

Terrina
Terrina

A peça deste mês é um exemplo de uma cerâmica utilitária que foi amplamente decorada com motivos, tratando-se neste caso da parte inferior de uma terrina com o motivo Chorão aplicado em tons de azul.

O motivo Chorão foi criado em Inglaterra e tornou-se de tal forma popular que surgiu uma história inglesa inspirada no padrão. O motivo contém todos os seus elementos tradicionais: um edifício vedado por uma cerca e rodeado por água; dois pássaros; um chorão e um barco.

Este tipo de peças são representativas da “reinterpretação” europeia dos motivos orientais tradicionais, iniciada na época dos descobrimentos, e são produzidas com técnicas e materiais modernos no século XIX e XX.

As influências orientais na produção europeia foram alimentadas pelas viagens de Portugal ao Oriente, sobretudo no século XVI. A descoberta dos motivos orientais, tão exóticos e diferentes dos da Europa, levaram os produtores locais a adaptar o seu estilo e a imitar os padrões orientais.

Terrina

História inspirada no motivo Chorão

No edifício, visível no motivo Chorão, vive um mandarim rico que trabalhava para o imperador como agente alfandegário. Chang, o seu contabilista, legalizava a sua contabilidade enquanto o mandarim aceitava subornos de mercadores.

Chang e Koong-See, a filha do seu patrão, estavam apaixonados e encontravam-se junto às laranjeiras (representadas pelas árvores junto ao edifício). O mandarim descobriu e mandou construir uma cerca (cerca à frente do edifício) e uma casa para guardar a sua filha (casa à esquerda do edifício central).

E anunciou o noivado de Koong-See com o duque, Ta-Jin. Chang e Koong-See conseguem encontrar-se e fogem para casar através da ponte, levando consigo uma caixa de jóias, sendo perseguidos pelo mandarim (representados na ponte do motivo; 1ª personagem – Koong-See, 2ª personagem – Chang carregando a caixa de jóias, 3ª personagem – mandarim com um chicote).

O casal escapa de barco, com a ajuda de um pescador, e desembarcam numa ilha (representada no canto superior esquerdo do motivo). O duque manda os seus soldados procurar a sua noiva, e ao chegar ao seu encontro, Koong-See incendeia a casa e ambos morrem no incêndio. Os deuses transformam o casal em duas pombas imortais que permanecem unidas para sempre (representadas no topo do motivo).

Categoria: Cerâmica

Designação: Terrina

Data: Fim do século XIX – Meados do século XX

Dimensões: 27,50 cm x 6,30 cm x 24,40 cm

Localização: Casa Madre Luiza Andaluz